sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Coisa divina

Cristo é título. O nome dele mesmo era Jesus, a igreja providenciou pelo instituto da santíssima trindade chamá-lo de deus, como se o próprio Deus (aquele que separou a luz das trevas e criou as demais todas coisas) tivesse se tornado carne e, por isso, devolvido a possibilidade da própria existência para nós.
Esqueceram suas histórias, as mesmas que são contadas pela bíblia (o novo testamento, o antigo é anterior a ele), que aliás não foi escrita por Jesus, mas sim por Paulo, Pedro e mais uns, os mesmos que seguiram o cara quando ele esteve por aqui... esqueceram da parte que não interessava: a pobreza de Jesus, ou seja, um judeu que no meio das pessoas mais afeitas ao dinheiro (vocês lembram das emissoras de televisão e porque não citar os estúdios de cinema dos EUA) formulou a mesma sentença de Aristóteles: por que com mais, se com menos? transformaram mesmo a divisão dos pães em milagre pra gente pensar que não dá pra fazer igual e ficar satisfeito por afirmar nem que seja uma vez ao ano nossa escolha...
E a gente leva tudo sem se preocupar, sem estudar os fatos, sem saber.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Fatos?

E aquela velha impressão que tudo já foi feito não sai do peito, gravado, regravado, editado. Tá, sei que citará aquela música, que é um provérbio e que faz muito tempo que foi dito...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sonhei com você, não que fosse exclusivamente você, tinha gente que nunca vi na vida e tinha manga... Acordei com vontade da fruta, comi e passou e de você ficou a saudade.
Mais curioso que o sonho é a lembrança...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Nem sei

que daqui pra diante me chamarei Zé Bebelo ou Riobaldo ou Joca Ramires, nomes de artistas, gente importante, e no próximo ano arranjo uma nega pra chamar de minha e estamos conversados.

sábado, 20 de novembro de 2010

Transequi

- Aqui, fazem 53 anos...
disse isso apontando para o chão onde estava: a casa. O cachorro, malhado, tigrado, pedia um pouco de carinho (a despeito da opinião alheia: "ele é bravo, melhor nem tocar a campainha") pra depois sair de lado, farejar algum rastro inconfundível, tipo cachorra no cio, o qual deixava de lado logo em seguida pra pedir mais carinho, talvez ele mesmo já fosse um velho.
- o DKV tinha que puxar o freio de mão e deixar engatado, senão... ladeira abaixo. Quando a empresa ficava ali, no final da descida (disse isso apontando o morro próximo e, de fato, era uma ladeira acentuada) coloquei uns trilhos pra evitar as batidas, mas sabe como é...o DKV subiu nos trilhos, acabou o carro...
- Sei sim, eu mesmo bati no muro, ainda não dirigia era moleque e estava de bicicleta sem freio... foi feio.
- Vim mesmo de depois da Lapa, trabalhava por esses lados, achei que seria melhor, vim... fiquei. Olha ai, o Marcos chegou, ei Marcos...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ao que parece, é coisa de turco, ou árabe, ou outra possível gente daquela redondeza chamar quem se gosta de: "Meus olhos".
Pra bom entendedor, meia palavra basta.
Melhor entendedor será aquele que entender sem palavras...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

tempos depois

Ela respondeu no automático! Confirmou tudo sem nem ver o que ou quem era, coisas desse tempo que não deixa tempo pra nada...
Não cabia sequer a reclamação: elas devem ser feitas no balcão ao lado, (como se ele existisse).
Sem mais, um: - Oi, quanto tempo?! seria suficiente. Ademais, pra que? Ou pra quem? Se já não desejamos nada, a não ser aquela boca vermelha, aquela pela branca, alva, aquele jeito de menina que sorri, um sorriso gostoso, sem pudor, sem culpa, sem malícia.
- Ahh, então tem desejo sim? Vai? Não, nada? Porque nada foi o que ficou pra contar história...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"o que será que dá dentro da gente... que é feito uma água ardente..."

considerações

Nem por isso será desfeita a aliança.
Nem se quisesse, não é possível, porque é coisa certa e direita.
Não se falará mais do assunto, não se dirá nada: nem da vergonha nem das eleições.
No normal das vezes, diria que música ajuda, mas já não resolve e não comentam nem curtem.
O que é feito por outros é mais eficaz!
sem menção nem massagem
lugar silencioso este:
não é assim mesmo que gosta?
não foi o que pediu ontem a noite?
sem menção a rosa
sobre o nada

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Tratado Teológico-Politico

Tanto se fala ou se falou sobre região que não se errará se for apresentada mais uma possibilidade de interpretação, não do texto bíblico, como fez Espinosa (ele tem um livro cujo título é o mesmo deste post suprimido o artigo).
Ora, o assunto: religião, (o que preocupava Baruch era o conflito que parecia interminável na Holanda de seus dias: igreja x casa de Oranje, as quais disputavam o poder), parece que não foi esquecido com o passar dos anos. Ele fez, então, uma análise do texto bíblico para demostrar que ele (texto bíblico) não traz nenhum mistério e que tudo não passa de superstição. Para nós, parece mais importante assinalar a relação entre religião e poder/mídia: canais de televisão como: globo, sbt, record e bandeirantes parecem ter laços estreitos com a religião, (globo e SBT são de judeus, record do pastor e a bandeirantes, ao que parece, é islamica, pelo nome do dono...) Mais incrível é que todos os canais manifestam crenças cristãs, ou pelo menos, assim o fazem ao final de cada ano, quando todos, em função do natal, parecemos convencidos de nossas crenças.
Num ano de eleição, esse assunto também vem com força, em função das crenças particulares dos candidatos. Espinosa alerta em seu livro que o grande erro da religião foi recrutar os piores tipos para vestí-los com os trages da religião (falsa religião, pois prega o medo).
Para se livrar dessa superstição (medo) que faz dos homens escravos, é preciso conhecimento. Para começar é recomendável que se faça o exato oposto do que lhe foi proposto pelos supostos sacerdotes daquela falsa religião, posto ser a superstição e o medo seus fundamentos...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Construção

É feita de detalhes. Principalmente os pequenos: o cabelo, o jeito que ele caia sobre seu rosto, sua cor, se preso ou não, se solto, até onde chega. Coisas assim, pequenas e sem importância fazem uma personagem maior, viva, que nasce diante do leitor, feito alguém que existe, que passa sem pretensão na rua, ou que mora na vila e então, serão os detalhes da mesma que deverão ser descritos: a cor das paredes, das janelas, dos amores que habitam ali, os quais serão descritos como se o leitor os visse na sua frente.
Como se fosse real, ou se pudesse..., mesmo que aqui possa-se tudo, desde que seja real ou possível.
Ou não

terça-feira, 12 de outubro de 2010

12 de outubro

Faz tempo, eu sei. É muito a propósito do título e em virtude do tempo: à saudade, soma-se o frio.
Faltou falar de Morena Nascimento e de tantos outros... mas aconteceu esse não sei que de coisa silenciosa que no normal das vezes basta noite bem dormida, mas que dessa vez não queria passar...
e seria o problema do tema, mais uma vez, coisa para qual em um lugar próximo basta a foto, talvez, e é tão bonito, colorido e falcatra que só dá pra sorrir, ou pegar a saída discreta pelos fundos posto não estarem ali para isto, seja lá o que isto for.
Seria preciso colocar uma placa, se houvessem paredes, ou layout, onde se escreveria em caixa alta: obras ou manutenção do ego (sem previsão de fim) para poupar os visitantes de expectativas: é culpa do Fiódor! gritará alguém...
É o último dos grandes, por isso elas se fazem necessárias, ou desejadas, ou certas, ou vagas, ou...

sábado, 4 de setembro de 2010

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Teoria das argolas - primeira resposta

Ao que parece, não é a argola o que realmente importa. Ela é o limite do vazio no interior da mesma. É desse vazio que parece sair/projetar uma linha (duas, conforme é evidente, visto que são duas orelhas) imaginária(s) em direção a boca da cuja.
Lembre-se que o lóbulo forma com a face um ângulo que confere à argola a inclinação necessária para que as supostas linhas se cruzem na boca, além do movimento que os brincos têm por si, em função do balanço da cabeça.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

sábado, 31 de julho de 2010

Figuras de retórica

Para os antigos, quem praticava a retórica enquanto arte valia-se dela para distorcer a verdade, ou melhor, tornar verdadeiro o que é sobejamente falso. Sócrates foi acusado de usá-la (diziam que ele ensinava os jovens assim).
Não obstante o tempo que nos separa dos gregos, suas figuras ainda são utilizadas por advogados, que da retórica de Cícero (que era romano) ficaram só com o elogio ao meritíssimo (ou aquele que tem muito mérito) e, obviamente, a distorção da realidade através da escrita empolada e confusa a todo aquele que não estudou tal mecanismo (vide a dificuldade em lermos nossa constituição). Usam-na para vencer a batalha judicial, sem que a verdade influa ou a despeito dela.
Uma curiosidade do nosso tempo onde observa-se o uso da mesma é o discurso do qual Caetano se vale em suas aparições:

-..., ou não!

A negação quando empregada no discurso proferido, como ele faz (ou não), logo após o que foi dito torna-o verdadeiro sempre! É mais fácil entender pensando numa tabela de verdade:

Conjunção [e]
V e V = V
V e F = F
F e V = F
F e F = F

Disjunção [ou]
V ou V = V
V ou F = V
F ou V = V
F ou F = F

A tabela continua com outras operações possíveis ao cálculo proposicional, mas o que foi exposto basta: perceba que no caso da disjunção [ou] seja a primeira proposição verdadeira e a segunda falsa, ou o contrário, o discurso continuara a ser verdadeiro.

Amanhã choverá ou não é sempre verdade! um dos exemplos usado em cursos de lógica (o cálculo proposicional é suficiente para que se entenda o que foi dito).
Ou não!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Pilates

O problema da televisão é o erro quando tenta copiar o Real, e ela se julga ou é julgada uma boa retratista, como quando dizem: é, essa pode ser uma história real. Dizem isso porque não viram o Teatro de Gero Camilo, estória que pode existir mesmo quando é ficção, como em: Amanhã vai estar chovendo sempre.
Voltemos a ela: bom lugar para por à prova a Teoria das argolas e as bonecas de porcelana da globo. Trata-se de impor o Belo, aí a jiripoca pia: aquele rosto quadrado, loira (lembremos das estrelas de tempos atrás!) o erro Crasso de achar que será melhor que a Natureza ao negar as sentenças: morenas são mais bonitas quando estão morenas, loiras quando loiras, ruivas quando ruivas...
A praia da Macumba fica mais ao sul do recreio: sabia que as cariocas dão dois beijos, um em cada bochecha, sempre? e então as coisas são diferentes, tipo misturar rock com samba e reggae e groove e...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Teoria das argolas

Si pá, o beijo é sexo, porque ele é algo do um entrando no outro. Além da saliva que segundo os entendidos é o esperma da boca e o movimento da língua num entra e sai frenético o que imita o movimento do coito...
As argolas direcionam o olhar para boca e se o que foi dito antes é verdadeiro, as meninas que as usam querem mesmo é sexo, sem afirmar nada quanto sua personalidade. Não se trata pois de dizer que quem usa argola é lasciva, muito menos vagabunda ou qualquer formulação concernente à indole da menina, pretende-se antes descobrir pistas da natureza.
A partir disto afirma-se que quanto maior a vontade, maior será a argola.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Meu caro Alarcon,

nem precisa perguntar, mas vamos lá: o que achou de Lô? Olhou-a nos olhos, e???
Ela é assim, surge nas horas mais estranhas e sai sem dizer tchau! o que, digamos, não é nenhum pecado, mas sim um favor.
Falemos então de futebol, o esporte do nosso tempo e que de tempos em tempos (quatro em quatro anos) move o mundo, converge os olhares para um determinado lugar e que desta vez não envolve só a visão, mas também a audição. Falo das vuvuzelas, se é assim que se escreve, isso que lá na África do Sul é uma manifestação cultural das torcidas virou pura e simplesmente mercadoria, enfadonha e pouco educada, sem necessidade, a menos que se pretenda infernizar alguém.
São coisas de nossos dias, aquela velha nacionalidade que aparece e desaparece num piscar de olhos, como bem disse um amigo em comum.

A gente continua depois... sempre, espero.

Abs

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Rafael, loa significa cântico referente ao divino, mas também é um regionalismo alagoano e então significa uma toada doce executada pelos canoeiros ritimada pelo bater dos remos. Acho que esse é mais próximo da música.
Só pra constar

quarta-feira, 26 de maio de 2010

RTS

Antes do ensaio poderiamos falar de Deus ou do diabo, o que preferirem, se acham pertinente o tema. Ou mais uma vez falaremos da etimologia de alguma palavra: amigo, que, por exempo, significa: aquele que ama, mesmo que não aceite ser desmembrado, como se faz tantas outras.
Aos comentários, todos muito dignos por sinal, caberia o adendo ao Promotor, posto não encontrá-lo no meio daqueles que tocam, só que não é bem do comentário, mas do que fazem fora daqui e que funciona feito um megafone e quem sabe outros os tenham seguido até aqui pra dar uma olhada no reino. A propósito dele, cabe também dizer que o trabalho de cultivo das idéias é ciumento e pra ser desenvolvido não pode ser posto de lado, que as ferramentas são as da astúcia sempre respeitando a lei: porque com mais, se com menos?
Foda mesmo é ouvir o eco delas em um lugar tão distante e ao mesmo tempo tão próximo
Vamos ao ensaio então...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Se

Começasse a vida sabendo o que se sabe no seu fim, saberia amar melhor, com mais calma, devagar, porque amor que é amor mesmo e não pura e simplesmente a palavra, não tem pressa e pode então ser pura e simplesmente amor.
Saberia logo que mulheres de canela fina são problema, que as que as têm grossas são propensas a serem mães, mas que o que rege mesmo é o tamanho da bunda. Saberia que na falta da certeza de qual presente dar? daria flores, porque elas se comprazem e no mínimo sorriem a gentileza.
Ficaria fácil colocar ordem em tudo, posto já ter as respostas, mesmo que ainda faltassem as perguntas. Direcionaria o querer, esse senhor de tudo e de todos, sem o qual não se faz nada, mas com o qual se perde tudo. Saberia que os homens amam as novidades, pra cinco minutos depois esquecer qual mesmo era ela e continuar em busca de mais novidades pra ficar eternamente neste círculo, então, se tem alguma coisa há muito tempo aí, ela deve valer a pena, porque o que não interessa aos tolos vale, ou, aos tolos não interessa o que vale a pena e que as regras foram feitas pra terem exceções.
Já saberia as verdades de homens de antigamente: que o amado move sem nada fazer, então é só ficar quietinho. Que os homens procuram relacionar-se porque a solidão é foda, mas que o silêncio da mesma é agradabilíssimo quando falamos de espetáculos, e que você é sua melhor companhia, sempre, então, ela nem é tão ruim assim.
Saberia, pois, que não adianta perder a cabeça porque junto com ela vai a razão. Saberia que vinagre de maçã é um santo remédio e que os médicos que não sabem disso não sabem nada, que água é vida...
Que em média se perde muito tempo pra tirar a habilitação e mais tempo ainda no trânsito, então, se se faz isso pra correr atrás de mulher, nunca, nunca vale o trabalho.
Saberia que a morena é tipo Jesus: três em um, mas que isso só vale se acreditar que ele é: Pai, Filho e Espírito Santo, enquanto pra ela vale sempre, não tem erro, então, vai agradecer diariamente a Ele por ser brasileiro.
Teria todo esse conhecimento e nenhuma experiência, então, melhor deixar os dias passarem e ver o que acontece...

domingo, 16 de maio de 2010

Concerto de Ispinho e Fulô

Bem num momento abjeto e obtuso, daqueles que é melhor esquecer, deixar pra lá, como se não fosse nada. Ir ao teatro melhora qualquer cristão de qualquer coisa, melhora mais se a peça for boa, bem boa mesmo, quem sabe então até a luz incida sobre aquele ser e se faça luz nele também, quem sabe?
Quem sabe se não é melhor deixar quieto, esperar passar, já teve festa e o pagode não resolveu. Pagode não resolve nada nunca, não aquele pagode, mas se a vida continua, porque ela tem que continuar, que venha o teatro.
Mas, então, as coisas começaram a mudar cedo, no princípio da dita, um giz e um recado:
- o que escrevo?
- escreve o que quiser, (sorrindo)...
E então foram cantos (é bem musical), cantava pra todo mundo ouvir, é claro, ela é uma das atrizes da peça, era o que devia fazer, normal. Mas não era o que fazia, e quem viu sabe! porque tinha mais meia duzia de homens vendo o mesmo espetáculo, tinha um ao lado, mas pra ele, ela só se dirigiu pra fazer um elogio ao outro. Era a mesma do giz, do recado.
A peça continuou com eles equilibrando muitas coisas na cabeça e ainda dançavam forro, porque o que Patativa faz é forro. Como num final apoteótico, mesmo que não fosse o fim da peça elas tiram alguém pra dançar, e a mesma do giz, do recado convidou:
- Mas eu não sei dansar... mesmo que já dansasse (porque ela ainda é errada, mesmo que o S dê mais idéia de movimento que o ç)
- Tudo bem, dois pra lá, dois pra cá, só isso
Podia acabar ali, porque a luz incidia... Não vale nada falar que perderam ou recomendar que vejam, o fato de escrever estas já bastaria como recomendação, mas a mágica da noite não se repete.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O silogismo da água

Silogismo é a estrutura básica de argumentação utilizada por Aristóteles, por exemplo:

Sócrates é humano
todo humano é mortal
então, Sócrates é mortal

O corpo necessita de três tipos de "alimentos": oxigênio, água e os alimentos sólidos (os que são comummente chamados alimentos: arroz, feijão, carne, macarrão...).
Homens treinados conseguem ficar alguns minutos sem oxigênio. Não é possível morrer prendendo a respiração, dada sua importância (respira-se mesmo durante o sono, o mecanismo do corpo responsável pela respiração é automático), então, ele é dos três o mais fundamental e constatá-lo é suficiente.
Por sua vez, o corpo consegue ficar dias sem o alimento sólido (vide os períodos de seca no nordeste brasileiro ou um dos tantos povos que passam fome na África), não se recomenda sua prática, nem há porque fazê-lo para experimentar a sensação, então, basta constatá-lo.
Pra falar da água, o buraco é mais em baixo e é necessário inclusive colocar ordem: depois de dormir (lembre-se que nunca deixou-se de repirar), quando na manhã do outro dia acorda-se depois de oito horas de sono, conforme o recomendado, qual é a primeira coisa a se fazer? Beber água.
O corpo suporta dias sem comida, antes de morrer ele acaba com toda a reserva (gordura) disponível, mas sem água perece na metade do tempo, como é evidente.
Donde se estrutura o silogismo, ou melhor o terceiro termo do silogismo (como se disse no anterior: Sócrates é mortal): Depois do jejum do sono, quando acorda-se a primeira coisa a se fazer é beber água, como é evidente.

domingo, 9 de maio de 2010

Desordenado

Se tivesse te encontrado no trem da ida, esperaria por você na estação até o raiar do dia, se fosse necessário, pra voltarmos juntos; sentaria ao seu lado, ou melhor, na sua frente pra poder olhar sem parar seu cabelo armado, seus olhos de tigresa, sua pele quase negra, sua boca e como gostaria de beijá-la! sentir seu cheiro, não seu perfume, seu cheiro mesmo, mas antes de tudo isso perguntaria seu nome, do que gosta e te daria flores, mas isso seria depois e então seria todo dia quando o sol raiasse ou quando chegasse em casa no ocaso e seriam flores compradas ou roubadas do jardim alheio; juraria amor eterno a cada dia pra não deixar dúvida do que sinto verdadeira e confusamente, porque se é amor, pode tudo, menos seguir uma lógica, qualquer lógica, até porque é com loucura que te amaria.
Se tivesse te encontrado no trem da ida, colocaria ordem na minha vida: ser seu pra todo sempre, mesmo que todo sempre fosse até o final da linha e o sempre seria ditado pelos trilho, mas seria com ordem.

domingo, 2 de maio de 2010

Recapitulando

É bom que se diga: são falcatras porque são a copia.
A definição de amor de tempos atrás é, nos termos do dicionário, o que nos diz Aristóteles: o sentimento que impele as pessoas para o que se lhes afigura belo... é o mesmo que dizer que o amado move o amante sem nada fazer. Recortar e colar o que nos diz Abelardo do mesmo modo é uma tentativa de aproximação com o texto aristotélico, posto que ele, Abelardo, comenta os livros do Estagirita, para quem está começando a estudar a Lógica lá pelo ano 1100, então, não se trata da falcatrua do texto mais sim das cópias.
Tanta Lógica de nada serve quanto entramos em outros reinos: nenhuma persiste ao belo (o reino da lógica é diametralmente oposto ao reino das paixões, como se disse antes). A festa é o lugar próprio para ele, mas não pra quem não sabe dansar (com S como faz Rosa, tão errado quanto ela, mesmo que ela não exista).
E que festa! o bigode foi a propósito dela, talvez, talvez Mano Brown percebesse a violencia periférica que ele representava, talvez nem ele e então seria só você

terça-feira, 27 de abril de 2010

- E se o jeito for começar pelo fim? já que se sabe qual seja, sempre.

da série dos falcatras

Ao redigir a Lógica, é necessária a seguinte ordem: uma vez que as argumentações resultam das proposições e as proposições das palavras, aquele que põe por escrito a Lógica de modo acabado deve escrever primeiro sobre os termos simples...


Lógica para principiantes, Pedro Abelardo

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Demorou

Ana Estela
parece que é estrela
posto que brilha por si.

Era ela de bolsa verde?

Não se soube
na tarde de quinta
dia 15

O Babo era às 19
diferente, né?!

Diferente mesmo
é a Amaral
depois que o Sol se põe.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pedido I

Queria que musicasse pra mim

os versinhos que te envio

pode ser reggae, milonga ou sambinha

pra toda gente ouvir e dançar

feito criança

ou menino travesso

olhando por baixo

as saias

das meninas festeiras

terça-feira, 13 de abril de 2010

Nas tardes perdidas II

- Bom tê-la por aqui, nesse espaço tão abstrato e silencioso. De vez em quando, é melhor deixar que as coisas simplesmente aconteçam, como se não soubéssemos onde encontrar o que procuramos, por não saber o que queremos. Diria que quando está escrito nem adianta atravessar a rua pensando em mil coisas diferentes, porque o mais justo é que elas aconteçam e ponto. Não seria justo também se alguém dissesse que avisou, que o melhor é a distância, que a dor passa com um chocolate bem quente e bolo de fubá, porque a fome e o próprio desejo já não existem, quando a gente insiste em não ver o que está na nossa fuça, mas como sua cara não é de muitos amigos, não serei eu quem virá com bons conselhos, porque se eles valessem a pena, a gente vendia e não dava de graça. Aliás, de graça nem o amor, que ele cobra alto e em amor como reciproca. Faz tempo que esperava sua visita, pena que não temos mais tempo, porque a hora certa passou enquanto atravessamos a rua...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

à Bruna, Ingrid, Raquel, Marina...

Toda vez que uma morena tinge de loiro os cabelos, morre uma estrela no céu.

RT

assim ficaria mais fácil, diria mais com menos e, ainda assim, reconheceria do que se tratava, porque esse é seu nome, né?!

Então, sobraria tempo pra falar do tempo, não do castigo das chuvas ao Rio, que isso seria perda de tempo, mas sim, do tempo ele mesmo, enquanto tempo, sabe?, ou poderíamos usar o tempo pra falar do movimento, e então, falará de sua concomitante nas palavras, ou em como elas aparecem, ou na Idéia (sei da reforma, é que é dos poucos que não obstam dúvidas) de movimento que elas passam.
Mais ou menos o número de caracteres disponíveis, talvez, parei de contar no 44...
Mas ainda faltaria falar do próprio número, enquanto número e das cores como exemplo do simples e da ordem, ahh, a ordem...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Observações

Por um instante, valia ter o twitter. Seria retwitado só pra dizer que tem razão.
A retórica da negação, formula mágica caetanística. Ele mesmo se põe a questão mágica filosófica: existirmos, a que será que se destina?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O retorno

Sem massagem, o filho pródigo, mas nem tão pródigo assim, à casa torna

Não dá pra brincar de falcatra, quando se visa o conhecimento.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Retratação

- É mais fácil rir da desgraça alheia.

Na terça, quando o tema foi o autismo infantil todos riram das coisas de criança: todo mundo era um, mas um deles, um menino, explicou que se acha os números primos tirando os múltiplos de dois e então faz-se algum cálculo com o três, mas ai não falava mais do simples e raciocínios complexos, os matemático são desse tipo, precisam ser explicados em pormenores...

segunda-feira, 22 de março de 2010

De repente, iconoclastra é raspar a cabeça

e nunca mais ser ele

...

Por exemplo, relacionar as duas teorias: tudo é palavra! e, a estética é a filosofia do agora. Apesar da aparente distância dos temas o trabalho é claro e simples: colocar em palavras a beleza dos espetáculos vistos, ou seja, é a própria tarefa do esteta.
Já que tudo é palavra...

Resposta à carta que não foi recebida

Talvez o justo tema seja: o mundo é dos medíocres, eles que se fodam! mas ninguém leria, mesmo se, como você, colocasse em letras reluzentes. A etimologia salva de qualquer ofensa nas palavras: medíocre vem de média, mediano, igual todo mundo. Dilui a violência, mas não o ímpeto, a força que tem por si ou que ganha com a repetição.
Combatamos pois para sair do lugar: escrevamos manifestos, cartazes e poesias que não serão lidas pra que no fim não possam dizer nada, ou pra sair da roda que é rotina, ou pra rir de tudo e de todos com aquela maldade de canto de boca que passa despercebida ao olho alheio.
Formalizemos as convenções pra dar nossa cara ao mundo.
Escrevamos mais! não que desconsidere suas obrigações, mas ao contrário dos separados pela distância do front, tamo junto e não tem diferença. Sabe que nas cartas que escrevemos é como se estivessemos presentes. Então, não nos furtemos a emoção que é a cota que nos resta de luz.
abraço
até mais

domingo, 21 de março de 2010

Bongar

Ouça Chão Batido, Coco Pisado e conheça outro Brasil.
Esse domingo eles tocaram no CCJ e os judeus bancaram o espetáculo que arrematou o final com um dez retumbante.
Foi o senhor Taubkin quem trouxe os meninos negros de Maceió, também estavam as senhoras do Abaçaí e os senhores do Moderna Tradição. E ele, Benjamim, mestre como disse Sapopemba é tipo o Raphael pra quem o que o Tom faz é choro. Faz ele também uma mistura loca ao gosto dos brasileiros, recupera o popular, sons de lugares e tempos distantes e põe ao lado do metro.
A garoa na chegada já adiantava o resultado
ontem e hoje
maravilhas esteticas foram vistas
e a tendência tautológica é tentadora
"sempre que chove..."

Pp

Faltou falar do café; o do outro lado da rua é forte, curto, bem tirado, dos melhores... velhas lembranças infundadas dos dias de guerra já não importam porque ontem foi dia de espetáculo.
Faltou falar das cores como exemplo de simples
nada mais simples que o amarelho.

Escuro

O acaso traz consigo a dúvida, muito mais porque foi a primeira indicação positiva do Luciano: assumir o B.O. e indicar o que fariamos e ainda optar pelo teatro, por uma peça no último final de semana de apresentação, foi uma bravura e pelo resultado, orgulho de ver que o menino se criou e pode ir ao léu experimentando o que a São Paulo de nossos dias apresenta.

- Olha, é a menina do Entre Linhas, aquele programa da Cultura que fala de livros...

- Linda, pra variar, a única que se movia na Babel do espetáculo...

Não se compreendia as gargalhadas da platéia, dois ou três começaram e logo outros acompanharam. Não era próprio! com certeza, e a prova era clara: quando usavam da Libra, ou linguagem de sinais, e ninguém entendia o que os atores diziam em silêncio ninguém ria: se tudo é palavra, então não tem graça quando não entendemos, né?!
Foi o César e a própria limitação que não permitiram nem a primeira...
A resposta certa, e por isso mesmo satisfatória, veio da primeira que subiu para deixar o teatro, curiosamente uma das irmãs cegas:

- Sim, é um drama e não uma comédia...

Ao som de Abajur Lilás, no mesmo teatro, com outra peça e pagando menos da metade: aluno USP paga cinco reais... não tem nem o que dizer, a não ser recomendar que vejam. Hoje, domingo, é o último dia da peça.

- Não tem problema. Hoje tem Benjamim Taubkin, não vai rolar ver de novo, mas eles voltam... um dia.

domingo, 14 de março de 2010

Curioso III

O que é mais forte que a gravidade?
A água, claro, ao menos na forma de gotas e isso é por conta das pontes de hidrogênio.
Não acredita?
Então, olha embaixo da tampa da panela

sexta-feira, 12 de março de 2010

Teoria Estética - notas

Pode-se estudar o Livro X da República de Platão e A Caverna de Saramago tento em vista a Estética. Então, se faz isso a muito tempo. Quando formula-se a sentença verdadeira: a Estética é a Filosofia do agora, ela quer dizer que a tentativa é declinar-se sobre o objeto daquela ciência, qual seja, o espetáculo, procurando evitar as questões de opinião.
Para tanto são necessárias duas coisa: 1 - ver espetáculos, 2 - estabelecer uma tábua de categorias. Quanto mais ver, melhor será, (o olho se acostuma e gosta do escuro da sala). Essas experiências te darão a série de categorias, porque ora você vai ao cinema, ora ao teatro e além dessa variação pode variar de gênero: drama, comédia... e a mesma categoria que serve para um, não serve, necessariamente, para outro.
Ademais, o que interessa é o que está por fazer e não releituras dos originais gregos para discordar do doutor da cátedra de algum lugar, é mais interessante perceber que a Estética pode atingir outros tantos objetos: o exemplo da novela é só pra relembrar Platão e ver como as coisas se repetem.

Ler o Livro X e fazer anotações

terça-feira, 9 de março de 2010

Ademais

- era eu quem vinha com as pedras na mão. A mudança próxima provocou a releitura dos atos anteriores: o herói não salvou a princesa, os vampiros viraram mocinhos e a ficção avançou junto com a tecnologia. Não provoco mais, mas ainda tenho a coragem dos moleques. Faltou pouco pra acertar os horários, a confusão das rotinas, a loucura de cada um: o seu chocolate, o meu sorvete. Sem mais, fica com as chaves do apê que ele é mais seu do que meu, nem os porteiros me reconhecem mais, nem eu, eles. Talvez seja a postura iconoclasta falcatra, talvez os primeiros brancos sejam mais representativos do que pensava, não digamos adeus pra não dar a impressão de despedida, beijo e se cuida...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Nas tardes perdidas

a luz do sol incide de revesgueio
deixando o ocaso
de um rosa nauseabundo

E o profeta disse:
bem aventurados os que têm fome e sede de justiça
porque serão saciados

Dos personagens esquecidos
do bem e do mal
de outra cultura

ficou o humor
de imagens bestiais
e a saudade confortável do esquecimento

nas tardes perdidas...

O que importa o layout se a proposta é falar sobre palavras?

...

de repente foi o lugar
C 32
é um complexo
no meio
C 1
por exemplo
fica tudo mais fácil

domingo, 7 de março de 2010

Domingo insólito

O Jaçana ainda faz o mesmo caminho. O Largo da Batata é um mistério, as ruas quase paralelas formam lacunas de onde não se vê nada, e o retorno não é propriamente a volta no quarteirão.
O dia foi de Sol, a noite, de fresca e o show um tanto parado. O samba de paulista da Céu não convenceu, por mais que ela cante bem, mano, voz afinada de timbre certo, disco novo, sem guitarras marcantes, mas mesmo assim pesado. É o eletrônico diria o desavisado, e a repetição, tal como disse que seria, mano, marcam as letras, com certeza. De novo, só se viu as pernas, longas e fortes...
Mais bonito é a Lavoura Arcaica e se literatura é paixão e não serve paixão requentada, parece que a Ana enfeitiça como se fosse a primeira.

sexta-feira, 5 de março de 2010

À muy hermosa Mercedes

aos que amam, pra sempre é bem possível de existir. Um dia depois do outro, é assim esse amor, amor de saudades, amor de silêncio, amor sozinho. Vai se casar com outro e mesmo assim te amo tal qual nossos dias de escola; diga-se de passagem, só para constar, você é a moça mais bonita que existe ou pelo menos que já vi por essas bandas. Noutros lugares que estive nem importa porque tinha sua foto na carteira e mais que isso, você no pensamento, não saia nem sob tortura: sua imagem fresca e reluzente num dia qualquer de nossos tempos passados.
Sabe que das minhas virtudes a mais viril é a paciência, sempre terá do meu amor quieto, até o dia que quiser. Te espero desde já, nem que leve meu amor embora...

terça-feira, 2 de março de 2010

Ei

Preste atenção
ouça o que nos diz a voz coletiva

uns pedem sexo
outros escatologia

uns querem terra
outros moradia

uns segurança
outros vias

O iceberg partiu
e é sempre a água
nos momentos românticos

O Fim existe antes da própria coisa
então tá tudo bem
acabará mesmo feito filme
com beijos
numa garoa gostosa

domingo, 21 de fevereiro de 2010

De novo, num novo lugar

Um lugar vago na cadeira ao lado, outro em frente, e mais tantos outros pelo teatro: se soubessem o que ia acontecer, não deixariam de ir. A mesma coreografia, a mesma do fim do ano passado, mas a primeira desse ano, ótimo então: na primeira a gente se pergunta o que acontece, na segunda é como o que acontece, acontece... O lugar era diferente, a fileira J, ao contrário do que se pensava, permite ver mais do palco, o que não muda muito, já que as maiores coxas do mundo prendem a vista, direcionam o olhar, restringem.
A Marisa estava lá, como é óbvio né, mano? Mas agora são muitas outras, tantas que só aumentam a confusão. A solidão é própria ao espetáculo, como já se falou, aliás esse é um belo título: A solidão e o espetáculo, ou, a solidão e o cinema e ele sempre valerá quanto o assunto for estética.
Mulheres belas também na platéia, coisa do Sesc... 2 litros d'áqua na drogaria da esquina custam 1,50, mais 2 do café, mais 5 do ingresso: 8,50 e agora o ano começou pra valer.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Diálogos platônicos - motel

- É, sei que é sempre assim, rápido e indolor, nem falo mais nada pra você...
- Ei, não é por minha causa. A recepcionista acabou de avisar ou não ouviu o telefone?
- Ahh, não se faça... Até parece que gostaria de ficar mais tempo. Parece que é coisa feita, sempre que começamos a conversar, a moça liga e você dá graças a Deus...
- Tá loca? Que foi linda, que bicho te picou?
- O mesmo de sempre: a sua indiferença.
- Xiii, deve estar chegando aquele período crítico...
- É está mesmo, e dai? Mas isso não muda o fato de que entre a gente é só sexo, nossos encontros dependem exclusivamente da sua vontade, do quanto você me quer e acabam junto com seu gozo...
- Caraca, você tá bem loca hoje, você não ouviu o telefone???
- Claro que ouvi, não sou surda, mas isso não muda nada...
- Lógico que muda, se ela ligou é porque estamos aqui a três horas, então eu preciso ir, tenho minhas coisas pra fazer...
- Tá vendo, é sempre do seu jeito, a gente vem aqui quando você quer e vai embora quando lhe é conveniente.
- Tá bom então, depois a gente continua com essa conversa quando você quiser, tá bom assim? mas agora temos que ir...
- Ainda vou conseguir te dar um fora, mas enquanto isso não acontece a gente se vê
- Linda, te adoro, sr...

Ética médica

- O assunto de hoje é o mais simples possível, caros alunos, porque primeiro devemos cuidar do simples para evitar erros quando avançarmos para questões mais complexas. O avental médico serve para manter o médico higienicamente preservado no ambiente de trabalho, hospital ou consultório, a bem dizer é uma formalidade, uma vez que vocês não trocam de avental a cada consulta, o que seria loucura, como é evidente, mas também é loucura desfilar pela rua de avental, isso só serve para chamar a atenção dos populares ou de qualquer um. Vocês esperam distição, por isso usam o avental para comer pastel na feira, como se fossemos diferentes ao comer pastel. Vocês querem ser identificados como doutores e se sentirão mais doutores com o tal avental branco que a essa altura já não está mais higienicamente preservado, porque a feira é tudo, menos higienicamente preservada.
A propósito de questões mais complexas, o título de doutor é conferido aos que fazem doudorado...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Negócio fechado

Fazia negócios. Era a resposta certa e pronta à pergunta: qual o seu serviço? ou, o que faz pra ganhar a vida? Ninguém sabia, ao certo, a quais negócios se dedicava, o que sabiam com certeza era seu tino pelas disputas. Diziam que isso vinha desde o batismo: seu pai queria chamá-lo de Mahamoud, por conta dos dias e do personagem central da revolução, achava que era um nome forte, sua mãe preferia Frederico, sem saber ao certo porque preferia esse ao escolhido pelo marido, mas como às mulheres basta o querer, assim ficou: Frederico Malaquias, coisa que agradeceu à mãe anos mais tarde, em silêncio, naquela intimidade que os filhos têm com as mesmas, supostamente por ser um nome mais comercial.
O que ninguém sabia era sobre os sonhos de Malaquias, que a bem dizer se resumiam a um só: liberdade. Queria deixar de lado toda a convenção familiar, pai e mãe, pertences da infância rica de menino abastado e bem nascido, casa, negócios, mesmo a riqueza adquirida, objetos, coisas que só aumentaram depois que passou a se dedicar aos tais negócios.
Até o dia em que se revoltou e achou um buraco na rede das convenções e se atirou no telhado vizinho satisfeito dos poucos segundos que teve de liberdade plena antes de se acabar feito um saco jogado fora. Sua liberdade custou-lhe a vida, o que, como bom negociante que era, trocou sem pestanejar...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Recorrente

o tema é mais antigo do que pensava:

"Sou morena
filhas de Jerusalhém
...
Não olhais eu ser morena
foi o sol que me queimou"
...
(Cânticos dos Cânticos, Primeiro Poema, Bíblia de Jerusalém)

Segundo a crítica, o fato de ser morena não era um elogio, significa que ela era pobre, era morena porque tomava Sol, o que era marca do trabalho. A continuação do texto afirma que a paixão descrita é o Amor de Deus por Israel. Não sabiam da Estética, nem que histórias de Amor interessam em quaquer formato, e essa merece por ser antiga, do começo dos Tempos.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A nós

Bem-aventurados os que nascem na época das chuvas, ela mesma sempre mote dos beijos, vide cinema; e por falar nisso: a solidão é própria ao espetáculo, o espectador julgará o que vê, percorrendo a série de categorias, as que lhe parecem convenientes, quanto mais ele viu, maior será a gama, mesmo que o objetivo seja sempre o mesmo:
-Qual a última vez que se permitiu a emoção? que é o que acontece quando se contempla o belo?
Mais uma pra coleção do paradoxal: fala-se de estética do corpo, mas é sempre ele que se busca, singularizado no 1 ou no sujeito, ou como queira chamar..
Mas não se deixe ver tudo! a mera pretenção retórica, se diluirá na surpresa do próximo, oxalá assim seja. É difícil subir pela via sintética e concluir o mesmo, mas se aceitar o convite, verá, ou não...

Felizes os que choram
porque ainda podem chorar

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mês depois

Chamavam ela de Rosa, porque o resto do seu nome era impronunciável, uma justaposição de sufixo e prefixo desnecessária. Diziam que se parecia muito com uma atriz do começo do cinema: traços longos, bem delineados, magra, mas nada que mostrasse os ossos, nem ombro nem clavícula, aliás esse era o seu limite: quando era possível vê-los, qualquer um deles, sabia que era preciso rever sua dieta, até para estar bem disposta para o trabalho ou para o samba das noites de quarta, intermináveis como toda a noite bem aproveitada. Ah, tinha os joelhos mais bonitos da roda e arrancava elogios mesmo dos que não a conheciam, bastava colocar a saia e pronto. Por vezes nem sabiam exatamente o que elogiavam: se a proximidade com a atriz ou os joelhos, mas assim ficou conhecida por todos e todos diziam: "oi atriz", mesmo que nunca soubessem o nome da mesma para tornar mais próprio o elogio.
Assim, nesse teatro de faz de conta passaram anos e a despeito de envelhecer ficava cada vez mais bonita até que um dia chegou na vila um professor, que não sambava, mas que ia sempre ao samba, dizia que para se aproximar, até que se aproximou mesmo de Rosa, enquanto um menino falava que a tinha visto no cinema numa das seções extras de filmes antigos, preto e branco inclusive, e afirmava que era ela, que tinha tido filhos e que terminou feliz para sempre com o galã. Quando o professor interveio para dizer que era impossível, não podia haver ninguém como ela, que sua beleza era única e mesmo que fosse próxima da da atriz, era muito melhor, porque era real. Falou também que era absurdo alguém compará-la a uma atriz, porque a cópia era só a primeira forma de arte e ela era a própria arte, sem cópias, mas nisso o menino já estava longe, não ouvia mais. Quando ouviu que ele a chamou de Rosa isso foi suficiente para convencer seu coração e acabar de conversar o resto em casa.