sábado, 31 de julho de 2010

Figuras de retórica

Para os antigos, quem praticava a retórica enquanto arte valia-se dela para distorcer a verdade, ou melhor, tornar verdadeiro o que é sobejamente falso. Sócrates foi acusado de usá-la (diziam que ele ensinava os jovens assim).
Não obstante o tempo que nos separa dos gregos, suas figuras ainda são utilizadas por advogados, que da retórica de Cícero (que era romano) ficaram só com o elogio ao meritíssimo (ou aquele que tem muito mérito) e, obviamente, a distorção da realidade através da escrita empolada e confusa a todo aquele que não estudou tal mecanismo (vide a dificuldade em lermos nossa constituição). Usam-na para vencer a batalha judicial, sem que a verdade influa ou a despeito dela.
Uma curiosidade do nosso tempo onde observa-se o uso da mesma é o discurso do qual Caetano se vale em suas aparições:

-..., ou não!

A negação quando empregada no discurso proferido, como ele faz (ou não), logo após o que foi dito torna-o verdadeiro sempre! É mais fácil entender pensando numa tabela de verdade:

Conjunção [e]
V e V = V
V e F = F
F e V = F
F e F = F

Disjunção [ou]
V ou V = V
V ou F = V
F ou V = V
F ou F = F

A tabela continua com outras operações possíveis ao cálculo proposicional, mas o que foi exposto basta: perceba que no caso da disjunção [ou] seja a primeira proposição verdadeira e a segunda falsa, ou o contrário, o discurso continuara a ser verdadeiro.

Amanhã choverá ou não é sempre verdade! um dos exemplos usado em cursos de lógica (o cálculo proposicional é suficiente para que se entenda o que foi dito).
Ou não!

Um comentário:

Vizionario disse...

Mano, simplesmente genial.

Tenho ressalvas quanto ao "ou não" no final, mas já enfrentei essa questão, e sei que não há respostas fáceis.