sábado, 31 de outubro de 2009

Da ponte pra cá

- O que vou dizer, mano? Que a Lógica não interessa a mais ninguém? Que é por isso que não dizem nada?!  se o comentário é o aplauso do blog, direi então que a Lógica não merece aplauso porque o que se estuda aqui são as palavras, assunto muito sério quando se pretende formalizar o pensamento, porque é com elas que nos comunicamos e dizemos das coisas o que elas são ou não, o que sentimos ou não, tendo como condição a realidade das mesmas, estuda-se as regras de não contradição do pensamento, remédio contra as paixões da alma , tudo absolutamente necessário e de acordo com o próprio pensamento transcendental...

- Mas fala Dela também! Não?

- Sim, e com certeza, mas ai não impera a Lógica, mano, pelo contrário: o reino das Paixões é diametralmente oposto ao da Lógica. É um subterfúgio a solidão, sr.

- É que fala da Morena com uma paixão, como se ela existisse...

- E quem disse que não? posso não ter sua companhia agora, mas sei  que o Acaso ou Destino, você escolhe o que preferir, já preparou nosso encontro, um dia, qualquer dia, quando não faltar mais nada...

- Ahh, depois eu que sou o platônico, e como vai saber? ela trará um plaquinha com seu nome?

- Ela estará linda, é obvio, sr, de vestido florido e tocará Clube da Esquina - 1972, acho que saberei, né?

- É... acho que é suficiente sim, sr...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Elas

Falta a palavra pra começar este.

O propósito é falar do feminino, mas feminino aqui significa ou tenta significar mais do que o sexo oposto;  sim, elas são parte importante do movimento e serão objeto de análise a seguir, mas percebe que algumas são curiosas: a loucura, cada um tem a sua como se fosse suficiente cinco minutos de ódio, a tigresa de unhas negras que nos arranha o estômago em busca de comida, a alma e tudo o que concedo a partir dela, a maconha, a cafeína, a cocaína e todos os sufíxos ínas possíveis, a postura que  paradoxalmente significa tanto a qualidade física quanto a conduta ética, a lista das palavras que nomeiam as coisas ou sentimentos ou realidades é grande,  e a própria palavra palavra devia ter sido e foi o primeiro dos exemplos dada sua relevância para lógica.
A beleza seria mais um exemplo no paragrafo anterior não fosse a intenção de usá-la aqui para botar a Morena na conversa. Já sabe que se diz  morena de três tipos diferentes de mulher, -e se reluta, meu caro, é porque te falta a sorte da experiência-, só fala que um é três em mais um caso e talvez isto seja signo da Beatitude talvez a teoria precise do Bem, dos transcendentais, talvez só sirva em caso de amor platônico, mas então ela será a própria felicidade, causa de loucura tão intensa que parece LSD numa praia deserta.
Percebe como o feminino serviu aqui para ir do mais viceral dos sentimentos até o que é o mais inteligível possível?
eis a dificudade do tema.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Diálogos platônicos II

- Oi...
- Oi, como você tá?
- Tudo bem, o curioso é que tava pensando em vc! sr...
- Sério?! Duvido! Em que tava pensando?
- Ahh, não era nada de especial, só tava pensando, !? sr...
- Nem vem que não tem, sei que gosta de imagens e a lembrança é assim... Vai, fala do que você lembrou?
- Quando a gente se vê no mesmo lugar, mesmo que tempos depois, acho que é normal velhas paixões, amizades sinceras e café sem açúcar voltarem à boca...

doces sorrisos e abraços cheirosos aconteceram... e era como se os anos não tivessem passado e ambos estivessem naquele velho pátio, agora, os olhares alheios não preocupavam, não se sorrisse assim, como quem aprontou alguma, se o olhar for o mesmo é porque ela é a mesma... a pessoa não muda, não importa o que aconteça, já diria minha mãe...

-
É, isso é verdade. Sabe, a nostalgia as vezes me toma e é como se fosse criança e as regras não existissem... Talvez, se por um instante pudesse voltar, saber o que sei hoje, saber que amor a distância também é Amor... saber, ter a ciência exata do que só pode ser impreciso... ah...
- Não! Se não sabia, agora sabe, se não sei voltar no tempo sei que o futuro ainda não existe e que te quero, sempre quis... e se já não importa nenhuma convenção, então...?!
- Pra você sempre foi fácil...
- Pra que arranjar mais problema além daqueles que o amor já traz em si? Se pra mim sempre foi fácil, pra você foi difícil demais... Claro que também tenho saudade daquele tempo, do seu jeito de criança, do seu arrepio ao vento frio das noites de Julho...
- Viu como ainda tem as imagens na memória? sr...

sábado, 24 de outubro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Teatro das ilusões

...ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

(Meditações, Descartes)

Mesmo que o uso da dúvida seja mais próprio ao objetivo cartesiano que era o de construir uma ciência segura, citar o trecho é suficiente, já que o que se pretende aqui é algo mais risível que o pretendido por Descartes; só peço que duvide, como ele faz, caso alguma vez tenham te enganado:

Alonso largou em 15º, Nelsinho em 16º. Numa corrida de rua, Fernando optou por uma primeira perna curta. Piquet, optou por encher o tanque. Logo após o pit stop do espanhol, o brasileiro bate. Entra o safety car, tudo se embaralha. O bicampeão pula para a ponta, de onde não sai mais. Venceu o primeiro GP noturno da história da Fórmula 1. Que agora pode ficar marcado pelo golpe da manipulação, caso as investigações levantem dados suficientes para levar a Renault ao Conselho Mundial e ser reconhecida como culpada.
http://blogf-1.blogspot.com/2009/08/batida-de-piquet-em-cingapura.html

Qualquer fonte serve para o que se pretende, a dúvida não precisa ser hiperbólica, não precisa duvidar do corpo, do chambre, nem dos sentidos, basta que admita: não é bom se fiar em quem já te enganou uma vez.

sábado, 17 de outubro de 2009

Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar...

A metáfora mais bonita da filosofia diz respeito ao movimento, mais precisamente, ao Primeiro Motor Imóvel, sem o qual não existiria movimento algum e responde como move o Primeiro Motor: como o amado que move o amante sem nada fazer.
É completamente diferente da Idéia de Amor platônico, além de ser mais interessante, do ponto de vista dos amantes que não dependem mais de uma união ideal, como se existisse alguma assim.
Qualquer maneira de amor vale a pena...

sábado, 3 de outubro de 2009

Diálogo Socrático

- Você viu, ontem passou Casamento à indiana?
-
Não.
- Bom, nós basta a conversa, certo?
- Sempre.
- Então, do filme é suficiente saber o título porque ele nós serve de tema para responder o problema de que falamos dia desses: Os graus de afastamento da Verdade, lembra?
- Lembro sim.
- O filme mostra, entre outras coisas, o bendito casamento... mas repare que, diferente da novela, no filme todos são indianos.
- Certo.
- Percebe que a novela e o filme estão distantes da Verdade, que no caso seria um casamento indiano de fato.
- Percebo!
- E mais, a novela e o filme estão em graus diferentes, porque mesmo que sejam todos atores, na novela todos são brasileiros.
-Sim. Se entendi, até aqui são três graus de Verdade: o casamento de fato, o filme num segundo grau e depois a novela. Como no livro do Saramago, A Caverna?!
- Quase, enquanto falava dos filmes sim, tem razão, mas a metáfora da Caverna é com o Demiurgo que é o responsável, para Platão, por dar forma ao mundo material e a personagem do livro é um obreiro, que é aquele que faz objetos de barro.
- Então, o obreiro conhece a Verdade?
- Melhor que outros, com certeza. Perceba que ele faz os objetos, diferente daqueles que falam sobre ou descrevem o objeto. Quem faz o objeto precisa saber como é o objeto de fato, certo?
- Perfeito!