domingo, 16 de novembro de 2008

I.

Cética, ela negava que tudo é palavra, mesmo que usasse as de todos os tipos pra discordar. E a raiva lhe trazia um não sei que aos lábios que os deixavam vermelhos carne, abertos, úmidos e vibrantes. Procurava com os olhos saídas possíveis, mas nunca sem a palavra final, nunca.
Bela, ainda menina, no mínimo, nos jeitos. A flor de croché nos cabelos conferia o ar da mais pura das mulheres, daquelas que deixa a Razão falando sozinha, sem audiência, a qual se volta toda para ela quando entra na sala.
O vestido, sempre o vestido, nem curto, nem longo, mostrava as pernas e pedia o resto à imaginação.
Era dia de festa na rua, pessoas conhecidas, pessoas novas, de repende, era o seu sorriso que foi seguido da pergunta despretenciosa: Você se parece com alguém?!
Só sobraram as costas pra ouvir a resposta.

Nenhum comentário: