sábado, 12 de setembro de 2009

Encontro diminuto

É só seguir no sentido contrário ao fluxo, descer uma escada, subir outra: um lance e verá a placa: camarim feminino e uma seta indicando o corredor que se estende, grande e um tanto silencioso para o momento de fim do espetáculo.
As bailarinas saem refeitas, cabelos amarrados, sorriso no rosto pelo bom papel de minutos antes, prova disso foram os aplausos de uma platéia que se foi. Os minutos passam e ela não sai. A banda se despede dos poucos que estão ali, um pessoal aguarda na escada, sem entrar no corredor, as vozes que saem desse, dão a impressão que a maioria já foi, mas ela ainda não passou.
Corredor adentro, os camarins tem dois nomes em cada porta e em alguns, a luz ainda estava acesa, vozes baixas confirmavam a presença das últimas bailarinas. As portas se sucessedem sem que encontre o nome, Marisa Bucoff, escrito, até que chega a última porta, a última, seria isso signo de alguma coisa? Ali, porta fechada, a conversa parece animada, até que a fã sai e pergunta se vou entrar. Entro, é pequeno, um espelho, uma pia junto a um balcão, uma cadeira e os figurinos que ainda não foram retirados formam o todo do interior, olho meio sem jeito para ela, a vergonha e o acaso da situação que minutos antes não imaginaria fazem as vezes do encontro, o Luciano me espera lá fora. Pois que espere.
E já que cheguei até ali, é de se esperar que diga alguma coisa à moça que se seca e sorri quando me vê:
- Semana passada foi lindo, vcs estavam lindos hj tbm!
- Ah, vc estava semana passada?
- Tava sim, mas hj, sei lá, estavam lindos e as coisas ficam mais lindas com vc!
- Ahh...
Um abraço e um beijo selam o encontro que jamais foi pensado...

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